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Quando recebi em maio do ano passado um
material de divulgação sobre o livro "Coisas a Cosa Nostra - A Máfia
Vista por Seu Pior Inimigo" (Editora Rocco, 192 páginas, R$ 29,50)
fiquei interessada em ler a obra. A obra, lançada para exatamente após
20 anos da morte do juiz italiano Giovanni Falcone, reúne 20 entrevistas
que o magistrado, conhecido mundialmente pela sua luta incessante
contra a organização criminosa italiana, deu para a jornalista Marcelle
Padovani, realizadas entre março e junho de 1991.
A máfia desperta a curiosidade de muita gente. Filmes como "O Poderoso Chefão" e "Os Bons Companheiros" nos remetem a famílias poderosas, unidas, e que não hesitam um segundo em matar aqueles que se opõem aos seus métodos de obter dinheiro ilegalmente. A palavra máfia é hoje usada amplamente como sinônimo de um grupo criminoso.
O livro está dividido em seis capítulos. O primeiro trata da violência; o segundo, das mensagens e dos mensageiros da organização; o terceiro, das inúmeras ligações entre a maneira de viver siciliana e a máfia; o quarto, da organização como tal; o quinto, de sua razão de ser, que é o lucro; e o sexto, da sua essência, que é a conquista do poder.
Considerado o inimigo número um da máfia, Falcone abalou o poder das famílias criminosas criando uma estrutura estatal antimáfia eficiente, representada pelas promotoria nacional e direção distrital, com a prisão dos maiores capi da Cosa Nostra e de outras máfias que levou à derrota política e militar desta organização que vivia de segredos e rituais, numa estrutura de lógica implacável e sinistra. Ele abriu mão de uma vida de relativo conforto para dedicar-se por anos ao desmonte da Cosa Nostra.
Para explicar a máfia, Falcone relata os interrogatórios que fez com vários "arrependidos" - homens que abandonaram a organização e decidiram contar à Justiça tudo que podiam sobre ela, em troca de proteção. É interessante notar, ao longo dos capítulos, que o juiz tem plena consciência de estar lidando com criminosos que, se ainda estivessem atuando, não hesitariam em matá-lo. Apesar disso, ele admirava e respeitava seus interrogados, sem jamais deixar de lembrar quem eles verdadeiramente são.
Falcone sofreu um atentado frustrado de 21 de junho de 1989, com a explosão de 50 bananas de dinamite escondidas entre rochas, a 20 metros de onde tirava férias. Em maio de 1992, ele foi assassinado, com a mulher e três seguranças, em uma explosão com 350 quilos de dinamite próximo ao Aeroporto de Palermo, capital da Sicília.